Vida obscura
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
ó ser humilde entre os humildes seres,
embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sentimento inquieto,
magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,
Mas eu que sempre te segui os passos
sei que cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!
SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961.
Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Sousa transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em
A) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.
B) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.
C) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
D) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.
E) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.
Solução
O sofrimento silencioso causado pela discriminação racial é retratado no soneto, com destaque para o “silêncio escuro” que simboliza esse sofrimento calado. O negro é mostrado vivendo “a vida presa a trágicos deveres”, sem expressar abertamente sua dor. A discriminação é sugerida pelas várias referências à cor negra ao longo do poema, desde o título, reforçando o tema central do conflito racial.
Alternativa A
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