Tenho horror a de aqui a pouco vos ter já dito o que vos vou dizer. As minhas palavras presentes, mal eu as
diga, pertencerão logo ao passado, ficarão fora de mim, não sei onde, rígidas e fatais… Falo, e penso nisto
na minha garganta, e as minhas palavras parecem-me gente…
(Fernando Pessoa, O marinheiro. Campinas: Editora da Unicamp, 2020, p. 51.)
O que eu era outrora já não se lembra de quem sou… Às vezes, à beira dos lagos, debruçava-me e fitavame… Quando eu sorria, os meus dentes eram misteriosos na água… Tinham um sorriso só deles,
independentes do meu…
(Idem, p. 52.)
Nos excertos acima, dois fenômenos são apresentados ao leitor e constituem o principal problema
dramático da peça de Fernando Pessoa. Assinale a alternativa que identifica e explica corretamente esses
fenômenos.
a) As palavras e as imagens tornam-se independentes da pessoa humana. Isso significa a cisão entre o
sujeito e o mundo ou, ainda, a crise de identidade pessoal reiterada nos diálogos.
b) Proferir um discurso e ver-se refletido em um lago são situações dramáticas que sugerem a unidade
entre ser e existir. A questão central, quem eu sou, é resolvida no desfecho da peça.
c) Lembrar e esquecer são dois aspectos inseparáveis da estrutura dramática da peça. Se a imagem
refletida no lago não se assemelha à pessoa que a contempla, as palavras, por sua vez, garantem a
conexão entre o eu e a realidade exterior.
d) O horror e o mistério das coisas são elementos básicos desse drama. Eles produzem, nas
personagens, a convicção de que é útil narrar as experiências do passado porque assim se revela o seu
verdadeiro significado.
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