Comunicação, Integração, Controle e Homeostasia
Todos os organismos vivos são capazes de detectar mudanças dentro de si e no ambiente
à sua volta. As mudanças no ambiente externo referem-se a aspectos como luz,
temperatura, som, movimento e odor, enquanto as mudanças no ambiente interno dizem
respeito à posição da cabeça e dos membros, bem como aos órgãos internos. Uma vez
detectadas, essas mudanças internas e externas devem ser analisadas, para que o corpo
encontre uma forma de sobreviver. Um fator necessário para a sobrevivência é uma reação
(ou resposta) rápida. A comunicação é um processo no qual um emissor transmite sinais
para um ou mais receptores, a fim de controlar e coordenar ações. No corpo humano, dois
sistemas de órgãos principais participam de uma comunicação de “longa distância”: o
sistema nervoso e o sistema endócrino. Juntos, eles são os principais responsáveis pela
manutenção da homeostase no corpo.
O sistema nervoso utiliza dois tipos de comunicação intercelular – sinalização elétrica e
sinalização química –, seja pela ação direta de um potencial elétrico, seja, em último caso,
pela ação de neurotransmissores químicos, como a serotonina ou a norepinefrina. Os
neurotransmissores agem local e rapidamente. Quando um sinal elétrico na forma de um
potencial de ação chega ao terminal sináptico, ele se difunde através da fenda sináptica (a
lacuna entre um neurônio emissor e um neurônio receptor ou célula muscular). Uma vez
que os neurotransmissores interagem (ligam-se) com os receptores na célula receptora
(pós-sináptica), a estimulação do receptor é transduzida em uma resposta, como
sinalização elétrica contínua ou modificação da resposta celular. Após receber a
“mensagem” química, a célula-alvo responde em milissegundos; essa resposta, então,
cessa muito rapidamente, assim que a sinalização neural termina. Dessa maneira, a
comunicação neural possibilita funções corporais que envolvem ações rápidas e breves,
como movimento, sensação e cognição.
Agora, vamos entender um pouco sobre a organização do sistema nervoso.
No cérebro humano, existem entre 85 bilhões e 200 bilhões de neurônios. Cada neurônio
tem uma identidade própria, expressa por sua interação com outros neurônios e por suas
secreções. Cada um também tem sua própria função, dependendo de suas propriedades
intrínsecas e localização, bem como de suas entradas em outros grupos selecionados de
neurônios e de sua capacidade de integrar essas entradas e transmitir a informação para
outro grupo seleto de neurônios. Observe, na Figura 13, a estrutura de um neurônio.
O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC – Figura 11) e sistema
nervoso periférico (SNP – Figura 14).
O encéfalo e a medula espinhal formam o sistema nervoso central e representam os
principais órgãos do sistema nervoso. A medula espinhal é uma estrutura única, enquanto
o encéfalo adulto é descrito em termos de quatro regiões principais:
Telencéfalo;
Diencéfalo;
Tronco cerebral;
Cerebelo.
As experiências conscientes de uma pessoa são baseadas na atividade neural no encéfalo.
A regulação da homeostase é governada por uma região especializada no cérebro. A
coordenação dos reflexos depende da integração das vias sensoriais e motoras na medula
espinhal.
A superfície externa do SNC é coberta por uma série de membranas compostas de tecido
conjuntivo, chamadas meninges, que protegem o cérebro. A dura-máter é uma espessa
camada fibrosa que funciona como uma forte bainha protetora sobre todo o cérebro e a
medula espinhal. Está ancorada na superfície interna do crânio e na cavidade vertebral. Já
a aracnoide-máter é uma membrana de tecido fibroso fino que forma um saco frouxo ao
redor do SNC. Abaixo da aracnoide, há uma malha fina e filamentosa chamada trabécula
aracnoide, que se parece com uma teia de aranha, o que explica seu nome. Diretamente
adjacente à superfície do SNC está a pia-máter, uma fina membrana fibrosa que segue as
circunvoluções dos giros e sulcos no córtex cerebral e se encaixa em outros sulcos e
reentrâncias.