Agora que já estabelecemos algumas distinções, vamos analisar o comércio doméstico e o comércio
exterior? Segundo Sousa (2012), a prática comercial é responsável pelo movimento da economia de
um país e pode ser dividida em comércio interno e comércio externo. O comércio interno abrange as
relações mercadológicas dentro do próprio país. Já o comércio externo consiste nas relações
comerciais de um país com outros países por meio, principalmente, das práticas de marketing
internacional que possibilitam a importação e exportação de produtos e serviços. Essas práticas
serão vistas no decorrer deste material didático. Como você pode notar, a diferença entre esses
termos é simples. Contudo, seus pontos básicos contém elementos complexos. De acordo com Maia
(2019), as diferenças existentes entre comércio interno e comércio externo estão relacionadas com
fatores como:
Mão de obra;
Natureza do mercado;
Barreiras aduaneiras;
Distâncias;
Variações culturais;
Variações cambiais;
Variações legais.
Na prática, a distinção entre comércio nacional e comércio exterior é profunda e complexa.
Para Sousa (2012), dificilmente um país consegue produzir todos os produtos de que precisa. Dessa
forma, os países procuram focar atividades para as quais se encontram mais aptos, aproveitando
tecnologia, condições geográficas favoráveis e tantas outras vantagens competitivas existentes no
próprio território, na mão de obra, na matéria-prima, na infraestrutura e na educação. Dado esse
contexto, é importante que o gestor também considere a estrutura de mercado em que irá trabalhar,
ou seja, como esse mercado funciona. E isso depende de peculiaridades como:
Número de empresas que disputam o mercado;
Tipo de produto;
Barreiras de acesso ao mercado.
Essas peculiaridades estão ligadas ao fator concorrência, que, por sua vez, impacta a lucratividade da
organização e, dependendo do tamanho dos concorrentes e da estratégia deles, até a sobrevivência
da empresa. É fundamental ter conhecimento sobre como funciona a concorrência entre empresas,
ainda mais quando se pretende entrar em um mercado externo.
Segundo Kim e Mauborgne (2019), existem dois tipos de concorrência:
Concorrência direta: acontece quando uma empresa oferece produtos ou serviços
iguais aos da sua organização;
Concorrência indireta: acontece quando uma empresa oferece produtos ou serviços
diferentes em comparação com os da sua organização, mas têm como foco o mesmo
público-alvo.
Para os gestores que atuam tanto no cenário nacional quanto no cenário internacional, é
fundamental analisar os concorrentes diretos e indiretos. Dessa forma, é possível tomar decisões
sobre a entrada ou não no mercado pretendido e elaborar estratégias assertivas para alcançar
resultados. A análise da concorrência também permite ajustar planos de mercado na disputa por
share de mercado, isto é, por fatia de mercado.
Também é necessário entender a estrutura do mercado. De acordo com Godoi e Cavalieri (2018), o
mercado tem estruturas com especificidades em relação à demanda e à oferta de produtos e
serviços e também à quantidade de organizações que disputam determinado segmento ou nicho. As
seguintes estruturas de mercado devem ser analisadas atentamente pelos gestores de comércio
exterior.
Concorrência perfeita: tem como característica a presença de empresas compradoras e
vendedoras que atuam independentemente. O cenário conta com a presença de muitas
organizações que ofertam o mesmo bem ou serviço para o público-alvo. Outro ponto
característico é a entrada e saída de empresas do mercado em que atuam sem nenhum
tipo de barreiras. A formatação dos preços fica à critério da demanda por produtos e
serviços ofertados, dependendo do equilíbrio dessa mesma demanda e oferta;
Concorrência imperfeita: tem como característica a presença de uma ou poucas
organizações disputando o setor. Nesses casos, as empresas têm, de certa forma, um
controle do mercado, determinando os preços dos produtos ou serviços ofertados.
Outro ponto nessa estrutura são os entraves à entrada de novas empresas que desejam
atuar no segmento em questão;
Monopólio: situação em que apenas uma empresa domina o setor. Dessa forma, a
influência sobre os preços e a política de abastecimento do mercado fica por conta de
uma só organização, o que pode prejudicar o consumo, inflacionando os preços. Vale
lembrar que a concorrência é sadia para o consumidor;
Concorrência monopolista: caracteriza-se pela presença de algumas organizações que
ofertam produtos e serviços similares, mas não idênticos. Nesse caso, a diferenciação de
posicionamento relacionada à estratégia da empresa pode encontrar no fator preço
uma vantagem competitiva. Outra fator de competitividade dessa estrutura é a livre
entrada e saída de empresas que podem atuar em um mesmo segmento;
Oligopólio: acontece quando uma pequena quantidade de organizações domina
determinado setor. Como o monopólio, nesse tipo de estrutura de mercado é possível
encontrar barreiras à entrada de possíveis concorrentes, as quais geralmente tornam o
ingresso de novas empresas mais complicado;
Monopsônio: estrutura de mercado em que existe apenas um comprador para vários
vendedores de determinado produto e serviço;
Oligopsônio: estrutura de mercado em que a existem poucos compradores para muitos
vendedores.