É importante associar seus conhecimentos embriológicos e lembrar que todos os tecidos
básicos têm uma origem embrionária. O zigoto, ou óvulo fertilizado, é uma única célula
formada pela fusão de um óvulo e um espermatozoide. Após a fertilização, o zigoto dá
origem a ciclos mitóticos rápidos, gerando muitas células para formar o embrião. As
primeiras células embrionárias geradas têm a capacidade de se diferenciar em qualquer
tipo de célula do corpo e, como tal, são chamadas de totipotentes, o que significa que cada
uma tem a capacidade de se dividir, diferenciar-se e se desenvolver em um novo
organismo. À medida que a proliferação celular progride, três linhagens celulares
principais são estabelecidas dentro do embrião. Conforme será explicado em um capítulo
posterior, cada uma dessas linhagens de células embrionárias forma distintas camadas
germinativas, a partir das quais todos os tecidos e órgãos do corpo humano eventualmente
se formam. Cada camada germinativa é identificada por sua posição relativa: ectoderma
(ecto = externo), mesoderma (meso = meio) e endoderma (endo = interno). Observe, na
Figura 4, a descrição das três camadas germinativas e sua derivação para a formação dos
órgãos.
A partir dos estímulos externos ou demandas ambientais, as células passam por diversas
mudanças, tanto fisiológicas quanto patológicas, as quais podem levar à progressão para a
doença. Essas mudanças podem ser classificadas em cinco tipos, sendo denominados
adaptações celulares:
Hipertrofia: é uma condição na qual as células/fibras musculares
ganham massa muscular muito além de sua capacidade, sem que
haja aumento do número de fibras, mas com aumento geral do
tamanho da estrutura. É melhor visualizada no útero grávido e nos
músculos dos fisiculturistas. Esse aumento da massa muscular é
atribuído a um fator de crescimento de proteína chamado fator de
crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1);
Hiperplasia: é uma condição em que as células se dividem
rapidamente, levando a um aumento geral do tamanho da estrutura.
Pode ser fisiológica ou patológica. O melhor exemplo de um tipo
fisiológico é o útero grávido. Patologicamente, pode ser benigna ou
maligna. A hiperplasia prostática benigna (HPB) é o melhor exemplo
de hiperplasia benigna. A hiperplasia endometrial no carcinoma
endometrial não é infrequente. A hiperplasia endometrial é um
estado patológico em que o tecido glandular endometrial e o
estroma que reveste o útero apresentam alterações hiperplásicas
graves;
Atrofia: é exatamente o oposto da hipertrofia, ou seja, as células
começam a diminuir de tamanho, levando a uma diminuição geral no
tamanho de um tecido ou de um órgão. A atrofia do timo após a
meia-idade é um exemplo clássico de atrofia fisiológica. Atrofia por
desuso é um termo usado para condições em que a atrofia ocorre
em um tecido (ou órgão) específico após o desuso prolongado dessa
estrutura. A atrofia de células ou tecidos ocorre em razão de uma
perda geral de organelas celulares, proteínas e citoplasma;
Metaplasia: é uma condição de mudança na identidade celular pela
substituição de um tipo de células saudáveis por outro tipo de
células saudáveis em um tecido ou órgão. Um estímulo anormal
induz essa condição, que geralmente se apresenta na extremidade
inferior do esôfago em virtude do refluxo gastroesofágico crônico;
Displasia: é uma condição em que ocorre um arranjo anormal das
células por conta de uma mudança em seu comportamento normal
de crescimento.
Diante do exposto, podemos compreender a importância da citopatologia no diagnóstico
de doenças, pois esse ramo envolve o estudo de células e tecidos ou fluidos corporais
para determinar um diagnóstico. As amostras são analisadas sob um microscópio para que
sejam observadas possíveis características ou anormalidades nas células. Os profissionais
de saúde usam a citologia em muitas áreas da medicina, mas os testes de citologia são mais
comumente utilizados para rastrear ou diagnosticar o câncer.
As células têm um repertório limitado de respostas à lesão, dependendo do tipo de célula
e da natureza da lesão. Essas respostas podem ser categorizadas como: (1) adaptação; (2)
degeneração; ou (3) morte. A Figura 5 mostra os diferentes estímulos e formas de morte
celular.