Cultura Empresarial e as Políticas Organizacionais
Após termos tido contato com alguns números inerentes à nossa realidade local e, na sequência,
aprimorado nossa leitura em torno de práticas empreendedoras, por meio de conhecimentos
vinculados a Disciplinas como a Administração Estratégica, cabe-nos, neste momento da nossa
Disciplina, compreendermos como podemos implementar determinadas políticas organizacionais
por meio de uma sinergia com a cultura empresarial vigente.
Nesse sentido, é importante frisarmos que o atual Mercado é dotado de determinadas
peculiaridades que, de forma alguma, podem ser menosprezadas por todos aqueles que desejam
empreender, ou seja, para se lograr êxito num projeto empreendedor, há de ser estipular uma
leitura que abarque tanto o front office como também o back office das Organizações.
De antemão e tal como é feito por autores renomados como Seth Godin (2010), em seu clássico livro
intitulado Sundae com Almôndegas, a inserção de Empresas mais tradicionais e ou de profissionais
dotados de maior experiência, nesse novo ambiente empreendedor, ao contrário do que é
apregoado pelo senso comum, não é algo automático muito menos de fácil operacionalização. Tal
observação deriva da constatação de que além da questão tecnológica (que engloba uma leitura
mais técnica e aprimorada das novas Mídias e dos seus respectivos empregos), há a necessidade de
se incorporar um novo mind setting (uma nova leitura do ambiente), capaz de contemplar os
elementos macroambientais, notadamente os socioculturais, em prol de modelos de gestão capazes
de dar conta das peculiaridades que, hoje em dia, fazem-se presentes.
Seth Godin (2010), tido como um dos autores mais lidos e admirados por parte dos empreendedores
e dos gestores vinculados às Organizações de alta tecnologia localizadas do Vale do Silício, nos EUA,
de forma bem humorada, defende a tese de que é muito comum que Empresas já bastante
consolidadas, por exemplo, no varejo/Mercado mais tradicional (estruturado por meio de uma série
de lojas físicas) tentem se aventurar, sem o devido estudo e preparo, no Mercado digital, ou o
inverso, quando uma organização muito forte em um dado segmento on-line almeja, num curto
espaço de tempo, obter o mesmo desempenho no ambiente físico (PDV Tradicional), situações que
tendem a ser igualmente desastrosas.
O próprio título do seu livro: Sundae com Almôndegas, de forma muito sugestiva, inteligente e
metafórica, parte da premissa de que esse processo de transposição de um ambiente para o outro e
ou de mera união (junção), sem o devido planejamento, entre os ambientes on e off-line (bem como
seus respectivos desdobramentos no campo da comunicação) equivaleria a preparar um sundae
com almôndegas, ingredientes que, separadamente, até podem ser deliciosos, mas que unidos no
mesmo prato redundam em uma combinação nem um pouco gostosa e atraente.
Situação análoga se dá no campo do Empreendedorismo, pois nem todo profissional ou Organização
dotados das expertises capazes de lhes garantir a excelência na transmissão das mensagens por
meio das Mídias mais tradicionais obrigatoriamente conseguem desempenhar as mesmas atividades
e com igual êxito no ambiente virtual, visto que tanto os processos e as Mídias quanto às expectativas
existentes nesses dois ambientes são distintas.
Como forma de tangibilizarmos tal leitura, leia o case a seguir, que contempla o lançamento da
personagem Lu, do Magazine Luiza.
Um exemplo bastante interessante e que ilustra com maestria tal processo foi o empregado pelos
profissionais e demais mercadólogos responsáveis pelo lançamento da personagem Lu, do
Magazine Luiza, no ano de 2003. Tal sacada mercadológica, além de ter criado um gimmick* de muito
sucesso junto a diversos públicos de interesse, permitiu que a Empresa encontrasse uma Mídia (no
caso, uma personagem virtual) capaz de materializar aquilo que denominados de Brand Voice, leia-se
a “voz da marca” (a forma pela qual uma marca de determinada organização interage com os
diversos stakeholders). Nesse caso, não bastava simplesmente criar uma estratégia on-line, visto que a
personagem Magalu, além do carisma precisava, de fato, estabelecer um vínculo afetivo junto aos
stakeholders, ou seja, como exemplo do que é dito por Pedro Alvim, gerente sênior de conteúdo e
Redes Sociais do Magazine Luiza: “Não adianta ter só uma boneca virtual. É preciso ter coração e
cérebro” (OLIVEIRA, 2019).
Os gimmicks, empregados em estratégias de Comunicação Integrada (visto que também podem se
fazer presentes em peças offline, como materiais impressos) apresentam várias vantagens que
merecem destaque, dentre as quais: a Humanização das Marcas aliada a um contato ao mesmo
tempo lúdico e efetivo com targets dotados de maior heterogeneidade (RABAÇA, BARBOSA, 2002), a
exemplo do que aconteceu, no Brasil, com a personagem Zé Gotinha do Mistério da Saúde.