Função Hepática
Os testes de função hepática são utilizados para avaliar e acompanhar doenças hepáticas ou lesões hepáticas. Geralmente são compostos por testes
realizados ao mesmo tempo com uma amostra de sangue, a saber: Alanina Aminotransferase (ALT ou TGP); Aspartato Aminotransferase (AST ou TGO);
fosfatase alcalina; bilirrubinas total e direta; albumina e proteínas totais.
A AST/TGO é analisada junto ao Alanino-Aminotransferase (ALT) nas doenças hepáticas e musculares. O AST é também encontrado em músculo
esquelético, rins, cérebro, pulmões, pâncreas, baço e leucócitos. Valores consideravelmente elevados (> 500 UI/L) sugerem hepatites ou outras formas
de necrose hepatocelular, podendo ser encontrados em tumores necróticos grandes ou hipóxia, insuficiência congestiva e choque. Valores
aumentados ocorrem em doenças hepáticas com necrose ativa do parênquima – por exemplo, viroses hepatoespecíficas e não hepatoespecíficas com
acometimento hepático –, doença biliar extra-hepática, insuficiência cardíaca, cirrose, obstrução biliar, neoplasia primária ou metastática, granulomas,
isquemia hepática, eclâmpsia, doenças musculoesqueléticas – injeções intramusculares, mioglobinúria –, IAM, pancreatite aguda, queimaduras,
intoxicações, anemias hemolíticas, distrofia muscular de Duchenne, trauma/choque e hipotiroidismo.
Os valores diminuídos ocorrem na azotemia, diálise renal crônica e em estados de deficiência de piridoxal fosfato – por exemplo, desnutrição, gravidez,
doença hepática alcoólica.
Já o ALT/TGP é encontrado principalmente no fígado. O ALT é mais sensível que o AST na detecção de lesão do hepatócito. Níveis de ALT são
superiores aos de AST nas hepatites e esteatoses não alcoólicas. Valores elevados são encontrados em etilismo, hepatites virais, hepatites não
alcoólicas, cirrose, colestase, hemocromatose, anemias hemolíticas, hipotiroidismo, IAM, insuficiência cardíaca, doenças musculoesqueléticas, doença
de Wilson e deficiência de α1-antitripsina.
Função Cardíaca
Para avaliar a função cardíaca podem ser utilizados alguns marcadores, entre eles o AST que, como vimos, está presente nas fibras musculares
cardíacas. Igualmente, podem ser utilizadas a creatinina quina total e as isoenzimas (CK), estas que são enzimas compostas pela união de duas
subunidades do tipo B e/ou M, em três combinações possíveis, que correspondem às isoenzimas CK-BB, CK-MB e CK-MM – cada uma possui atividade
preponderante em algum tecido ou órgão específico, no caso a do coração é a isoenzima CK-MB (1% da CK total em músculo esquelético e 45% em
músculo cardíaco) e a isoenzima CK-MM (99% da CK total em músculo esquelético e 55% em músculo cardíaco).
Além desses marcadores pode ser citada a mioglobina, que é uma proteína constituinte das células dos músculos esquelético e cardíaco; as troponinas
são proteínas estruturais envolvidas no processo de contração das fibras musculares esqueléticas e cardíacas.
Outros Exames de Bioquímica
Além dos exames citados existem vários outros que podem ser dosados no setor de bioquímica, mas todos têm a mesma finalidade, que é verificar a
funcionalidade do metabolismo ou de um órgão ou tecido específico.
Hematologia
Neste setor podemos investigar condições associadas ao sangue e às suas frações. O hemograma é o exame mais comum realizado nas análises
clínicas.
A análise do sangue total é relevante para sinalizar alterações em diferentes partes do organismo, já que os vasos sanguíneos conectam o corpo todo.
Igualmente, neste setor podemos avaliar proteínas de coagulação do sangue.
Hemograma
É um exame que analisa informações específicas sobre os tipos e as quantidades dos componentes no sangue. Embora não seja um teste específico
para nenhuma enfermidade, pode ser útil na avaliação inicial do paciente, permitindo separar os indivíduos saudáveis daqueles com algum indício de
doença. É utilizado na avaliação clínica geral, no diagnóstico de anemias, policitemias, aplasias medulares, processos infecciosos, leucemias,
trombocitopenias e trombocitose.
No hemograma são avaliadas as três séries celulares componentes do sangue: eritrócitos, leucócitos e plaquetas, vejamos:
Eritrograma: são avaliados os eritrócitos, a hemoglobina, o hematócrito e calculados os índices hematimétricos Volume Celular
Médio (VCM), Hemoglobina Corpuscular Média (HCM), Concentração da Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) e o índice de
anisocitose dos eritrócitos (RDW). Alterações no eritrograma podem revelar patologias do sistema eritropoético, tais como anemias e
policitemias. Nas anemias, além da avaliação dos índices hematimétricos, a informação da morfologia dos eritrócitos pode fornecer
elementos para o diagnóstico de tipos especiais de anemias, tais como a falciforme, esferocítica, eliptocítica e outras;
Leucograma: são realizadas as contagens global e diferencial de leucócitos. As células são classificadas em diferentes linhagens:
neutrófilos, basófilos, eosinófilos, linfócitos e monócitos, segundo suas características morfológicas. O leucograma é um importante
auxiliar no diagnóstico das infecções. Leucocitose e desvio à esquerda são dados sugestivos de uma infecção bacteriana em curso.
As linfocitoses são encontradas principalmente nas infecções virais agudas. Leucocitose também decorre de proliferação de células
precursoras, indiferenciadas, como ocorre nas leucemias. As leucopenias ocorrem em certas infecções, no uso de medicamentos e
em neoplasias;
Plaquetograma: é feita a contagem total de plaquetas, a determinação da massa de plaquetas (plaquetócrito) e são calculados os
índices de Volume Plaquetário Médio (VPM) e anisocitose plaquetária (PDW). As plaquetas podem estar aumentadas (trombocitose)
em estados infecciosas, anemia ferropriva e doenças mieloproliferativas ou diminuídas (trombocitopenia) em púrpuras, septicemias,
leucemias, linfomas, avitaminoses e intoxicações.
Imunologia
No setor de imunologia são avaliadas doenças relacionadas a alterações na capacidade de defesa do organismo, imunidade e a resposta contra
infecções virais e parasitárias do sangue, ou seja, são realizados testes sorológicos para identificar doenças relacionadas a alterações na capacidade de
defesa do organismo (imunidade) e resposta contra infecções.
Para realizar os exames são utilizados métodos específicos com técnicas de enzimaimunoensaio, fluorimetria, soroaglutinação, quimioluminescência e
imunofluorescência. São exemplos de doenças investigadas neste setor: toxoplasmose, hepatites, rubéola, vírus da imunodeficiência humana (HIV),
citomegalovírus, testes de gravidez, marcadores tumorais etc.