Microbiologia
No setor de microbiologia podemos utilizar diferentes tipos de amostras biológicas. Este setor tem o objetivo de investigar doenças infecciosas
associadas principalmente a bactérias e fungos nocivos ao organismo, através da cultura in vitro em meios específicos
São exemplos a cultura de urina, orofaringe e outras secreções, incluindo fezes, urina, sangue e líquidos corporais. Neste local há um protocolo a ser
seguido: coleta do material clínico; isolamento do microrganismo; identificação do microrganismo; testes de sensibilidade aos antibióticos.
Já a micologia laboratorial se destina a diagnosticar micoses por meio de análise microscópica direta e de cultura de diversos espécimes clínicos. No
entanto, o isolamento do fungo não é suficiente. O profissional deve ter conhecimentos especializados para identificar o fungo ao nível de gênero e
espécie, quando possível, interpretando o resultado no contexto laboratorial do espécime em diagnóstico. Assim, terá condições de excluir possíveis
contaminantes e orientar o clínico quanto a procedimentos adicionais e sobre a possível resistência a determinados antifúngicos.
Parasitologia
O setor de parasitologia compreende a pesquisa de parasitas.
Neste setor a amostra mais utilizada é fezes, usada na pesquisa de enteroparasitas (parasitas intestinais), mas pode ser utilizado também sangue,
fragmentos de tecidos, entre outras amostras.
Uroanálises
Depois do sangue, a amostra mais comum do laboratório de análises clínicas é a urina.
No setor de uroanálises, a urina é avaliada com a finalidade de investigar substâncias capazes de indicar a presença de alguma doença que talvez não
haja sintoma. O exame de urina compreende duas avaliações, características físicas e químicas, além da análise do sedimento urinário, que auxilia na
investigação de doenças do trato urinário.
No exame físico é realizada a avaliação da cor da amostra de urina, podendo variar do amarelo-claro ao âmbar. É avaliada a densidade que mensura a
capacidade de concentração, podendo variar entre 1.005 e 1.040, conforme a hidratação do paciente.
Já no exame químico são avaliados os seguintes parâmetros:
Potencial Hidrogeniônico (pH): varia entre 4,5 e 8,5 e reflete o grau de acidificação da urina;
Proteínas: expressas em traços ou cruzes (1+ a 4+), sendo considerada esta relação: 1+: 30 mg/dL; 2+: 100 mg/ dL; 3+: 300 mg/dL; 4+: >
1.000 mg/dL;
Glicose: ocorre em paciente com hiperglicemia (glicose sérica > 180 mg/dL), ou em pacientes com redução da reabsorção tubular
de glicose (gestação, síndrome de Fanconi);
Cetona: rastreamento de cetoacidose. Pode ocorrer em DM, no jejum prolongado, em dietas com alto teor de gordura, na febre e no
hipertireoidismo;
Bilirrubina: indica hiperbilirrubinemia direta, doença hepática ou obstrução biliar;
Urobilinogênio: encontra-se reduzido nos casos de icterícia obstrutiva e elevado em outras causas de icterícia;
Hemoglobina: serve como rastreamento para hematúria;
Nitrito: teste de rastreamento para bacteriúria, que se baseia na habilidade de bactérias gram-negativas converterem o nitrato
urinário em nitrito;
Esterase leucocitária: marcador indireto de leucocitúria. Serve como rastreamento para infecção urinária.
No sedimento urinário são avaliados os cilindros, que são depósitos proteicos moldados no lúmen do túbulo renal, podendo conter células, lipídeos ou
outras substâncias. Igualmente, no sedimento são avaliados células tubulares renais, células lipídicas, cristais, hemácias, leucócitos bactérias e fungos.
Controle de Qualidade
Atualmente não existe um laboratório de análises clínicas sem a implantação de controle de qualidade, sendo fundamental para que se consiga a
liberação de laudos fidedignos.
Vale lembrar que o processo dentro do laboratório de análises clínicas é dividido em parte pré-analítica, analítica e pós-analítica.
A fase pré-analítica diz respeito às etapas iniciais que antecedem a análise laboratorial: indicação do exame, escrita da receita, preparo do paciente,
procedimentos de coleta, acondicionamento, transporte e preparo da amostra. É consideravelmente importante que os processos desta fase ocorram
de maneira correta – erros têm impacto significativo na segurança do paciente e na rotina do laboratório, devendo ser corrigidos o quanto antes.
A fase analítica é dedicada à análise do material coletado. Os colaboradores do laboratório iniciam o processo de análise de acordo com o sistema
analítico empregado, incluindo os Procedimentos Operacionais Padrão (POP) do equipamento e método, além do método de controle adotado, como o
controle estatístico dos processos. Ainda que muitas vezes as análises sejam facilitadas pela tecnologia e automação, o trabalho dos profissionais é
indispensável para garantir a qualidade e segurança dos resultados.
Já a fase pós-analítica, última etapa dos exames laboratoriais, inclui a verificação das análises realizadas na etapa analítica, o envio dos resultados ao
médico e, por fim, a tomada de decisão. Depois da análise e liberação por parte dos especialistas do laboratório, os dados levantados são utilizados no
laudo do paciente, devendo indicar as situações nas quais a análise foi realizada. Por fim, esta fase engloba a tomada de decisão, que é o último passo
da complexa cadeia de análises dos exames laboratoriais.
Cada fase deve estar presente na avaliação da qualidade a fim de se evitar, identificar e corrigir erros que eventualmente possam acontecer. Para isso
há gestão da qualidade e controle de qualidade.
Nos laboratórios há dois tipos de controle de qualidade:
O controle de qualidade interno é responsável pelo monitoramento contínuo da reprodutibilidade da fase analítica laboratorial,
identificando e eliminando erros inerentes ao processo das análises de ensaios quantitativos e qualitativos. Seu propósito é manter a
variabilidade do processo de análise de ensaios sob controle e oferecer uma oportunidade de aprimoramento das atividades
desenvolvidas no laboratório;
Já o Controle Externo da Qualidade (CEQ) – ou ensaio de proficiência –, de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC)
302/2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é definido como a: “Atividade de avaliação do desempenho de
sistemas analíticos de sistemas através de ensaios de proficiência […]”, de modo que o laboratório clínico deve aplicar controle
externo de qualidade para todos os exames realizados em sua rotina.