Projeto Integrador Transdisciplinar em Gestão
Ambiental
A Complexidade da Questão Ambiental
Nas últimas décadas, a sociedade vem discutindo, de forma mais ampla, sobre os desafios
relacionados à melhoria da qualidade de vida individual e coletiva. Além disso, há uma preocupação
com o desenvolvimento econômico. Esses tópicos, em níveis distintos, envolvem uma análise das
formas como estamos utilizando os recursos naturais, bem como sobre quais as ações que devemos
realizar para preservar e conservar o ambiente.
Sendo assim, importante diferenciar os conceitos de preservação e de conservação. De acordo com
a Lei Federal n.o 9.985 (BRASIL, 2000), a preservação pode ser conceituada como “conjunto de
métodos, procedimentos e políticas que visam a proteção a longo prazo das espécies, habitats e
ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos
sistemas naturais”. Já a conservação da natureza, segundo a mesma Lei, é de definida como:
“o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção,
a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que
possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo
seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e
garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral.”
Portanto, o conceito de preservação está associado à implementação de processos a longo prazo
para a proteção do meio, enquanto que a conservação envolve o manejo do meio e a utilização dos
recursos naturais de forma sustentável.
Em síntese, na utilização dos recursos naturais, está previsto o uso dos recursos naturais de forma
sustentável, considerando os princípios que vem sendo implementados ao longo das últimas
décadas por meio de eventos internacionais e de definição de políticas. Sendo assim, para a
compreensão da evolução dos conceitos relacionados ao desenvolvimento sustentável, bem como
para o entendimento sobre a complexidade da questão ambiental, precisamos analisar o histórico de
eventos realizados nas últimas décadas e que contribuíram para a definição de políticas e do
pensamento nessa área.
Para início dessa análise precisamos pontuar sobre duas publicações que foram propulsoras do
pensamento ambiental. O primeiro documento que precisamos conhecer é o livro “Primavera
Silenciosa”, publicado por Rachel Carlson, em 1962. Nesse livro, a autora relatava sobre os impactos
da utilização do pesticida DDT, em especial no desaparecimento de pássaros em campos americanos
(LEMOS, 2013).
Além desse, no ano de 1971, foi publicado o livro “Limites do Crescimento”, elaborado pelo Clube de
Roma. Na publicação, os autores argumentam, a partir de uma teoria Neomalthusiana, que se as
tendências de crescimento populacional, industrialização, poluição, produção e utilização de
recursos naturais fossem mantidas, o planeta chegaria ao limite nos próximos 100 anos, portanto,
seria necessário mudar tais padrões (CURI, 2011).
Essas duas publicações podem ser consideradas marcos na discussão da questão ambiental. Nesse
mesmo período de tempo, ocorreram eventos que promoveram reflexões e avanços na área.
A Conferência de Estocolmo foi realizada na cidade de Estocolmo – Suécia, no ano de 1972. Como
resultado desse evento, ocorreu um chamamento de toda comunidade internacional para unir
esforços para a superação da crise ambiental e a criação do Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA), sendo que esse tem como objetivo facilitar e monitorar os avanços na
questão ambiental (ESTENSSORO, 2020).
Ainda no que se refere aos grandes marcos na área, é importante ressaltar a publicação do relatório
“Nosso Futuro em Comum”. No ano de 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU), presidida pela primeira ministra da
Noruega Gro Brundtland (por isso que o documento também é conhecido como Relatório
Brundtland!), apresentou o relatório que evidenciava a necessidade de rever a forma como os
recursos eram utilizados. A maneira como usamos os recursos é que irá afetar a capacidade suporte
do meio. A partir dessa constatação, foi definido o conceito de desenvolvimento sustentável.
Irigaray e Stocker (2022) comentam que o conceito de desenvolvimento sustentável envolve
desenvolvimento econômico, conservação do ambiente e redução de desigualdade como objetivos
éticos comuns. Ainda, os autores indicam que relatório Brundtland evidencia que a associação entre
a pobreza dos países que compõem o Terceiro Mundo somada ao consumismo acentuado nos
habitantes do Primeiro Mundo são as causas que impediam um desenvolvimento igualitário e
acarretariam as crises ambientais.