O sistema de gestão ambiental pode ser implementado considerando os critérios técnicos descritos
na norma NBR 10.004:2015 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Nesse documento,
consta o conceito de gestão ambiental, sendo esse “parte do sistema de gestão usado para gerenciar
aspectos ambientais, cumprir requisitos legais e outros requisitos, e abordar riscos e oportunidades”
(ABNT, 2015, p. 2).
Silva e Przybysz (2014) afirmam que a implementação de um sistema de gestão ambiental, com base
na série de normas 14.000, tem como diferencial a valorização das empresas contribuindo com a
qualidade dos processos e dos produtos, bem como garante a observância da legislação ambiental.
A aplicação de um sistema de gestão ambiental deve ocorrer com base em um adequado e
criterioso diagnóstico do cenário da organização. A partir do panorama descrito, será possível definir,
com maior segurança, as demais etapas indicadas na norma NBR ISO 14.001:2015, em especial
aqueles que envolvem a definição de aspectos e impactos ambientais e a definição de objetivos e
metas.
Além disso, a sistemática para implantação de um sistema de gestão ambiental, a partir dos critérios
da NBR Isso 14.001:2015, considera o ciclo PDCA (planejar, fazer, verificar e agir). Sendo assim, busca
sempre alcançar a melhoria do desempenho ambiental dos processos.
Outro aspecto importante para a aplicação do ciclo do PDCA é a política ambiental, que deve
expressar, de forma clara, as intenções da organização com relação aos aspectos ambientais e à
redução dos seus impactos. A Política é definida pela alta administração da empresa e serve como
um elemento norteador para a definição de cada etapa do sistema e a indicação de prioridades.
Silva e Przybysz (2014) afirmam que a participação e o envolvimento da alta direção da organização é
premissa fundamental para o sucesso da implementação de um sistema de gestão ambiental, já que
ao longo do processo pode ocorrer mudanças significativas na estrutura organizacional com o
objetivo de adequar atividades, produtos e serviços.
Por fim, precisamos ter claro que o sistema de gestão ambiental e o processo de certificação são
distintos. Uma empresa pode optar pela implementação de um sistema de gestão ambiental
baseado na norma NBR ISO 14.001:2015, mas não buscar a sua certificação.
ESG – Environmental, Social and Governance
Um conceito que vem sendo muito discutido nos últimos anos é o ESG – Environmental, Social and
Governance, que, em livre tradução, é Ambiental, Social e Governança. A demonstração da
preocupação das organizações com a melhoria da qualidade ambiental, com aspectos sociais e de
governança vem contribuindo para a evolução das organizações em diferentes esferas.
O Pacto Global Rede Brasil comenta que o termo ESG vem tendo grande visibilidade em razão da
preocupação do mercado financeiro com a sustentabilidade. Nesse sentido, questões ambientais,
sociais e de governança passaram a ser essenciais na análise de riscos e nas decisões sobre
investimentos.
O termo ESG foi apresentado por meio da publicação da iniciativa “Who Cares Wins”, que envolveu o
Pacto Global (Organização das Nações Unidas) em conjunto com o Banco Mundial.
Sobre o histórico das iniciativas relacionadas ao ESG, o International Finance Corporation (IFC, 2021)
comenta que entre 2004 e 2008 ocorreram diversos eventos voltados aos profissionais da área de
investimentos que foram convidados para a discussão sobre riscos e oportunidades de ESG e a forma
de integrar tal conceito nas decisões de investimentos. Os documentos produzidos pela iniciativa
foram (IFC, 2021):
A implementação de ações de ESG está relacionada diretamente com o atendimento dos Objetivos
do Desenvolvimento Sustentável (ODS) preconizados pela Organização das Nações Unidas, em 2015.
De acordo com o Pacto Global Rede Brasil, alcançar os ODS envolve um esforço conjunto de países,
empresas, instituições e sociedade civil, sendo que o setor privado tem um papel fundamental visto
que detém o poder econômico, impulsiona as inovações e tecnologias e engaja governos,
fornecedores, colaboradores e consumidores.
A adoção de práticas de ESG representa uma mudança cultural na forma de perceber o papel das
empresas na sociedade, por meio da mudança na postura de responsabilidade frente a diferentes
partes interessadas como acionistas, sociedade, Estado e o meio ambiente (REDECKER; TRINDADE,
2021).
O Pacto Global Rede Brasil e a Stilingue (2021) realizaram uma pesquisa que envolveu a aplicação de
um questionário para compreender melhor as práticas de ESG em 2020. O questionário enviado para
integrantes da Rede Brasil do Pacto Global obteve 308 respostas entre fevereiro e março de 2021. Os
setores com maior participação foram:
Serviços = 12%;
Energia = 10%;
Outros = 8%;
Financeiro = 6%;
Terceiro Setor = 5%;
Agronegócio = 5%;
Construção = 5%;
Organizações Empresariais = 5%;
Tecnologia = 4%;
Comunicação e mídia = 4%.
De acordo com o relatório sobre a evolução do ESG no Brasil, elaborado pelo Pacto Global Rede
Brasil e a Stilingue (2021), entre as ações que envolvem a dimensão social, merece destaque as
políticas de equidade de gênero, apoio emergencial à Covid-19 e apoio às comunidades de entorno.
Por sua vez, as práticas mais evidenciadas no eixo ambiental se referem à reciclagem e
reaproveitamento de resíduos, redução das emissões de gases de efeito estufa e uso, tratamento e
reaproveitamento da água. Por fim, o relatório aponta que entre as ações de governança, merecem
destaque a criação de mecanismos e comitês.