Texto 1:
Por outro lado, a doutrina (carma) religiosa que dá conteúdo a esta rigidez hierárquica é extremamente racional e consistente. Está baseada na doutrina da compensação e na crença, na transmigração do espírito, respectivamente, carma e samsara (Weber, 1967a: 118). A combinação das duas doutrinas tem o seguinte significado: 1) que os homens estão destinados a uma sequência infinita de vidas e mortes; 2) que cada um é responsável por seu destino subsequente, pois a posição na hierarquia de status é decorrente do comportamento na vida anterior. Isto é, durante uma vida determinada a desigualdade é imutável, mas as oportunidades de nascimento dentro dos status mais altos da hierarquia de castas são iguais para todos e dependem, exclusivamente, do comportamento do interessado na vida anterior.
[…] A interdependência das castas é expressa aqui pela existência de direitos complementares, onde os direitos do rei e os direitos do cultivador são apenas os principais elos de uma corrente que às vezes era complexa […].
A mobilidade entre as castas era não apenas facilitada, como encorajada pela sociedade.
Sem nenhuma lógica, o sistema de castas é pautado na irracionalidade e misticismo ignorante.
O sistema de castas indiano estabelece uma ordem imutável, para a infinita existência da alma daquele indivíduo.
Como forma de pensamento revolucionários, carma e samsara desobrigam a obediência das castas populares para com as castas ricas.
A coesão da sociedade indiana foi propiciada, entre outros fatores, por um pensamento filosófico-religioso, que estabelece obrigações entre as castas.