O conceito mencionado anteriormente também é corroborado pelo Babson College, cujos
professores defendem que: “Empreendedorismo é uma maneira holística de pensar e de agir. O ato
de empreender está relacionado à identificação, análise e implementação de oportunidades, tendo
como foco a inovação e a criação de valor” (DEGEN, 2009, p. 27).
Ao enfocarmos a questão da viabilidade, é sempre pertinente termos em mente que, como frisado
por José Dornellas (2016), o mundo está cheio de boas ideias. Praticamente todos os dias, nós nos
deparamos com negócios extremamente criativos e promissores, mas que, num curto espaço de
tempo, acabam desaparecendo do Mercado. Isso acontece, em boa parte dos casos, pois uma
condição básica para o sucesso está na capacidade de um negócio gerar benefícios e/ou soluções
para as dores/demandas dos nossos (potenciais) clientes.
Nick Balding (2006 apud TIGRE, 2012, p. 26), seguindo a mesma linha de raciocínio de Dornellas
(2016), brinda-nos com a tese de que o Empreendedorismo, em sua essência, consiste na exploração
de novas ideias com viabilidade e, por conseguinte, elevada probabilidade de sucesso. Enquanto a
criatividade pura e simples se limita à construção de novas leituras ou de perspectivas disruptivas em
torno de um dado tema ou objeto de estudo, o Empreendedorismo culmina com uma sinergia dessa
perspectiva com o conceito de viabilidade.
No âmbito dos negócios, também é importante frisarmos que essa viabilidade deve ser: técnica,
econômica/financeira, tecnológica, mercadológica etc. Isto é: de que adianta uma Empresa projetar
o lançamento de um novo produto se não há, em paralelo, um processo capaz de fabricá-lo, ou se
não existem potenciais consumidores dispostos a comprá-lo? Um produto desconectado de uma
solução clara e de um público-alvo motivado a adquiri-lo dificilmente logrará êxito no Mercado,
sendo o mais provável que se torne mais um caso histórico de boa ideia que foi incapaz de se tornar
um negócio sustentável e de sucesso no médio e longo prazos.
Ações Estratégicas e Empreendedorismo – Um Breve Histórico
No caso mais específico dos estudos de viabilidade, frisamos que: em termos históricos, no início da
década de 1950, dois professores de Política de Negócios em Harvard, George Albert Smith Jr. e C.
Roland Christensen, já ensinavam os alunos a questionar se a estratégia de uma Empresa era
compatível com seu ambiente competitivo. Em outras palavras: “não existe estratégia
empreendedora boa ou ruim, mas sim, as que funcionam e as que não funcionam” (TIGRE, 2012, p. 31).
Foi justamente nesse momento histórico que os alunos da HBS foram ensinados a se questionar
sobre a possibilidade das políticas e demais estratégias vinculadas a um empreendimento “se
encaixarem em um programa que efetivamente atende às exigências de uma cada situação
competitiva” (TIGRE, 2012, p. 32), pois, além da viabilidade do produto, um empreendedor também
deveria ter uma leitura muito assertiva em torno do comportamento do Mercado, tendo uma
consciência muito clara em torno de alguns pontos como: “Como está toda a indústria/mercado?
Está crescendo e se expandindo ou é estático ou declinante?” (TIGRE, 2012, p. 32). Além de uma boa
ideia, o ideal sempre era lançar um produto em um Mercado em expansão (dotado de demanda
reprimida), visto que Mercados maduros tendem a ser muito mais refratários a novos lançamentos.
Tal necessidade em torno de se compreender o Mercado, originalmente levantada pelos primeiros
professores da Harvard Business School (HBS), foi posteriormente aperfeiçoada por William
Abernathy e Kenneth Wayne, que, em um Artigo clássico de 1974, argumentava que:
“a consequência de buscar intensamente uma estratégia de minimização de custos (por
exemplo, uma baseada na curva de experiência) é uma capacidade reduzida de fazer
mudanças inovadoras e responder àquelas introduzidas pelos concorrentes.”
Tal constatação, tecida por Abernathy e Wayne, apontou para o caso de Henry Ford, cuja obsessão
pela redução de custos, no ramo de automóveis, acabou por deixá-lo vulnerável à estratégia de
inovação de produtos colocada em prática por Alfred Sloan.
Sloan, em relação à sua capacidade empreendedora, segundo a leitura de Dornelas (2016), é
alguém que merece ser enaltecido justamente pela constatação de que o desafio de empreender
ganha uma escala ainda mais acentuada quando o empreendedor precisa ter a audácia de, baseado
em uma leitura do Mercado, antecipar-se a algo que ainda não está plenamente consolidado. Assim
sendo, Dornelas (2016) destaca que o Alfred Sloan é um case a ser estudado devido à sua coragem
de empreender mesmo em situações caóticas no âmbito empresarial, criando ideias, novos projetos
e ou novos produtos, nos quais se observa que a estratégia está fortemente conectada a inovação.