Texto 2 Enquanto os países mais desenvolvidos têm diminuído, nas últimas décadas, a construção de grandes hidrelétricas, nações em desenvolvimento, como o Brasil, por exemplo, começaram a construir no mesmo período barragens ainda maiores. Impactos ambientais, como o desmatamento e a perda da biodiversidade, e sociais, tais como o deslocamento de milhares de pessoas e os prejuízos econômicos causados a elas, não têm sido levados em conta e incluídos no custo total desses projetos. Além disso, esses empreendimentos têm ignorado os cenários de mudanças climáticas, que preveem a diminuição da oferta de água e, consequentemente, da geração de energia hidroelétrica. “Quando uma grande barragem é construída, o rio a jusante (direção em que correm as águas de uma corrente fluvial) perde grande parte de espécies de peixes que são importantes para a população ribeirinha. Aquelas comunidades terão que conviver com a diminuição de sua atividade de pesca ao longo de 15 ou 20 anos, por exemplo, e esses prejuízos econômicos e sociais não têm sido incorporados no custo desses projetos”, disse (professor Emilio Moran, da Unicamp). Segundo Moran, as primeiras barragens construídas na América do Norte e na Europa tinham o objetivo de prover energia para áreas rurais e possibilitar o funcionamento de sistemas de irrigação. “Esses projetos tinham um objetivo social”, disse. Já as usinas que estão sendo construídas ao longo dos rios da bacia Amazônica, na América do Sul, do Congo, na África, e Mekong, no Sudeste Asiático, são voltadas, em grande parte, para fornecer energia para empresas siderúrgicas, por exemplo, sem beneficiar as comunidades locais.

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