A dissecção é a base para todas as pesquisas anatômicas. O registro mais antigo de seu uso
foi feito pelos gregos, que chamaram a dissecção de “anatomia” (de ana temnein, que
significa “cortar”).
O conhecimento de anatomia e fisiologia, além de fundamental para qualquer carreira na
área da saúde, também pode beneficiar sua própria saúde. A familiaridade com o corpo
humano pode ajudá-lo a fazer escolhas saudáveis e levá-lo a tomar as medidas adequadas
quando eventualmente surgirem sinais de doença. Seu conhecimento nesse campo o
ajudará a compreender aspectos nutricionais, medicamentos, dispositivos médicos e
procedimentos, assim como doenças genéticas ou infecciosas, entre outros pontos
relacionados à saúde.
Anatomistas e profissionais de saúde usam uma terminologia que pode parecer confusa
para os não iniciados. No entanto, o objetivo dessa linguagem não é confundir, mas, sim,
aumentar a precisão e reduzir os erros médicos. Para aumentar ainda mais a precisão, os
anatomistas padronizam a maneira como veem o corpo. Assim como os mapas geográficos
são normalmente orientados com o Norte no topo, o “mapa” padrão anatômico (ou posição
anatômica) é aquele com o corpo em pé, com os pés paralelos, na largura dos ombros, e
os dedos dos pés para a frente. Os membros superiores estão estendidos para os lados
correspondentes, e as palmas das mãos, voltadas para a frente. Não importa como o corpo
que está sendo descrito está orientado; os termos são usados como se ele estivesse em
posição anatômica. Por exemplo, uma cicatriz na “região anterior (frente) do carpo (punho)”
estaria presente no lado palmar do pulso. O termo “anterior” seria usado mesmo se a mão
estivesse com a palma voltada para baixo sobre uma mesa. Observe a posição anatômica e
os termos regionais e direcionais na Figura 7.
Uma seção é uma superfície bidimensional de uma estrutura tridimensional que foi
cortada. Os modernos dispositivos de imagem permitem que os médicos obtenham
“seções virtuais” de corpos vivos. Chamamos isso de varredura. Um plano é uma superfície
bidimensional imaginária que passa pelo corpo. Existem três planos comumente referidos
em anatomia e medicina, conforme ilustrado na Figura 7.
O plano mediano ou sagital é o que divide o corpo (ou um órgão) verticalmente, em lados
direito e esquerdo. Se esse plano vertical corre diretamente para baixo, no meio do corpo,
ele é chamado de plano mediano ou sagital mediano. Se divide o corpo em lados
desiguais, direito e esquerdo, é chamado de plano parassagital – ou, menos comumente,
de corte longitudinal. O plano frontal é o plano que divide o corpo ou um órgão em
porções anterior (frente) e posterior (traseira). O plano frontal é muitas vezes referido como
plano coronal (corona é latim para “coroa”). O plano transverso é aquele que divide o corpo
ou o órgão horizontalmente, em porções superior e inferior. Planos transversais produzem
imagens referidas como seções transversais.
Desenhos anatômicos detalhados do corpo humano tornaram-se disponíveis pela primeira
vez nos séculos XV e XVI. No entanto, foi somente no final do século XIX, com a descoberta
dos raios X, que os anatomistas e médicos descobriram métodos não cirúrgicos para
observar o interior de um corpo vivo. Desde então, muitas outras técnicas, incluindo
tomografia computadorizada, ressonância magnética, PET e ultrassonografia, foram
desenvolvidas, propiciando visualizações mais precisas e detalhadas da forma e das
funções do corpo humano.
A fisiologia humana é o estudo científico da química e da física das estruturas do corpo. A
fisiologia explica como as estruturas do corpo trabalham juntas para manter a vida. É difícil
estudar a estrutura (anatomia) sem conhecer a função (fisiologia). As duas disciplinas são
tipicamente estudadas juntas porque forma e função estão intimamente relacionadas em
todos os seres vivos. Sendo assim, os processos vitais do corpo humano são mantidos em
vários níveis de organização estrutural, que incluem nível celular, tecidos, órgãos, sistemas
de órgãos e organismo. Os níveis mais altos de organização são construídos a partir dos
níveis mais baixos. Portanto, células se combinam para formar tecidos, tecidos se
combinam para formar órgãos, órgãos se combinam para formar sistemas de órgãos e
sistemas de órgãos se combinam para formar organismos. Veja, nas Figuras abaixo, um
resumo dos sistemas e suas funções.